NOVA VELHA CULTURA

More, poeta, na casa da frente,

atrás tem gente pedindo que alguém

conduza as mentes,

em nuvens de pó todas envoltas,

algumas sem nada, sem alma, sem roupas,

o mundo mudado mudou de lugar,

quem foi já está longe e não vai voltar,

Faça, poeta, que as vozes soem como cânticos,

que as pálpebras cubram os olhos para um bom sono,

que à mesa não falte o pão da palavra, sem fatias,

traga, poeta, o que está escondido nas nuvens,

que os nossos bebês bebam da nossa antiga inocência,

se os homens sabem cantar, o que se dirá

dos anjos, outrora só memórias...

Varra, poeta, as portas de nossas casas, caiadas,

que teus versos cubram de orvalho as velhas árvores,

nós, que amamos ler teus poemas, indivisíveis,

nos tornem os pólens da nova velha cultura ..