OUTRA CANÇÃO D’AMOR
Abrem se as janelas e vê se a chuva cair
Horas de insônia e recordações de brisa
Há noites em que a lua é a única companhia
Mensagens ditas, palavras na boca, sorrir
Vejo-te, suave, em devaneios... Uma musa
Pelas nuvens, escarlate, nua caminha
Abro os olhos e as lágrimas caem sorrateiras
Não há a vida em cascatas, sou de sonhos mudos
Destemperos lúdicos de poesias em fumaça
Jogo os pés limpos no assento da cadeira
Ouço o som das folhas caindo, alto é este muro
Houve um tempo de muito barulho e boa cachaça
Abrimos as portas, vemos um galante futuro
Não, eu nada vejo... Cego, me afogo neste mar
De angústia, prolixo... Bailo a valsa triste absorto
Criança, que ainda sou... Apesar do corpo maduro
Sei melhor escrever, que falar... Falar... Amar
Tenho os braços vazios... Traga-me teu corpo
Abre meu peito, cheio de desejos e calor
Transformo o mofo em luz, ser menino
Outra vez, de amor em dó maior, teus beijos
Brincar sob a chuva, uma canção d’amor
Descalços de preconceitos... Largos carinhos
Sou puro espírito... Louco... Sou crédulo... Desejos.