Elegia do amor que nunca será
Foi como enxergar uma vez mais.
Aqueles olhos, verdes, profundos e distantes.
Aqueles nunca seriam meus olhos, nunca me ofereceriam o olhar que quero.
Exatamente por isso eu a amo, pois nunca será minha, e na sua liberdade está todo meu amor e minha vontade de te ter.
Contudo, espero que nunca a tenha, senão não seria mais você, seria outra, seria o presente e depois passado e depois não mais seria.
Você é minha esperança de futuro, minha tensão de todos os dias pensando no teu beijo, minha vontade reprimida, minha convulsão.
E cada vez que dirá; "não posso lhe corresponder"; eu chorarei sorrindo, pois não me dá o que mais quero e me oferece o que me faz viver.
Que esse amor nunca se concretize, que eu nunca
Sinta a maciez dos teus cabelos loiros ou a textura dos teus lábios,
nem o toque dos teus pequenos longos dedos ou palavras sussurradas ao pé do ouvido.
Não penso na forma dos teus seios ou no calor da sua pele, não te desejo dessa forma.
Te desejo como desejam os anjos, como desejam as crianças
Daquela vontade permanente, que quer provar, que quer tocar
Que sonha e ama puramente e profundamente e espera
Um dia ter, mas que não tenha e sempre espere e sempre siga
Pois te sigo onde fores, não és a mulher da minha vida, não estarás
Para sempre ao meu lado e amará outros e será de outros
E nunca será minha, e nesse não ser o nosso amor flutuará ao espaço
E se tornará a mais bela estrela que possa existir.