Noite Sombria
Aqui a loucura não morreu
Não se mata a ausência de vida
Certa que se infunde à prometida
Certa que é a única saída
Que nunca se perdeu
É aqui que é a fonte das palavras
E mesmo as frases cansadas
As que usam muletas
Soam como cobras pretas que nos ventos
Dão botes violentos
Sobre a minha caneta
Aqui que os gritos são surdos
Envoltos em nuvens de medonhos sonhos
De almas penadas
E possuídas por demônios
Em celas escuras mal-assombradas
E é aqui que fico
Sentado sem ter como ver a rua
O coração desacreditamente aflito
E apesar do frio da noite
Meu corpo sua
Olho no relógio de pulso
É quase cinco
Mais duas horas e eu verei o teu sorriso
Levanto-me tomo um copo de chá
E volto a sentar
No limbo deste recinto.