Ponte Quebradiça
Perante a ponte,
Fomos peraltas,
Nos conhecemos,
Voltamos para nossas casas.
Olhares e mochilas,
Desconhecidos diários,
Lábios e mordidas,
Ambos os humanitários.
Começando se cruzando,
Tardiamente esperando,
Juntos iam andando,
Involuntariamente se encontrando.
Um esperava o outro,
Alegremente naquela ponte,
A pedra parecia ouro,
Era tudo, um monte.
Até a ponte virar mãos,
Dadas entre corrimãos,
Qual seria a sensação,
Esse palpitar do coração.
Ao se verem,
Os lábios querem,
Suavam no dia,
Suavam ao partir.
Meio a travessa,
Numa coragem travessa,
Houve beijo, houve carinho,
Sentiu-se até um sorrisinho.
De manhã mão em mão,
Na alma e no coração,
De noite, boca em boca,
Um coiote e uma loba.
A ponte sob o rio,
Faziam noturno ninho,
Amavam-se sob o poste,
As mãos ao norte.
Até o muro ser insuficiente,
Encontraram chão,
O desejo ardente,
Comoção.
Pulsavam veias quentes,
Suor no umbigo,
Vontade ardente,
Mais que amigo.
A ponte de pedra,
Ponte dos amantes,
Entre vermelho e branco,
Doce cheiro de amianto.
Um dia qualquer,
Quando cabelos crescem,
Viram um qualquer,
Sentimentos perecem.
Houve silêncio,
Sem cerimônia,
Havia labor,
Cheiro de amônia.
Foram amantes,
Com marcas a deixar,
Corações relutantes,
Deixavam por deixar.
Onde um dia na ponte,
Perto da fonte,
Amavam almas afáveis,
Amáveis.
Antes estranhos,
Desconhecidos entrelaçados,
Ambos vivos,
Ambos amados.
Depois estranhos apaixonados,
Totalmente sedados,
Entre olhos e amores,
Havia silêncios e dores.
Novamente estranhos,
Mas com o que lembrar,
São novamente estranhos,
Que cultivam memórias,
Preferencialmente,
Ao esquecimento.