DESENGANOS
Desenganos
Estou muda em meus silêncios
Ausente com meus dissabores
Calando em minh'alma sem cores
Cega, surda, inerte, toda em horrores
Negando em todos meus amores
Sufocando todas minhas dores...
Esta figura aqui presente
Não é aquela que sente
Vida pura em devaneios
Sou estuário ainda de anseios
Córrego sutil, calor inclemente
Com a alma sozinha e penitente...
Na busca de outros caminhos
Esgares de novos ninhos
Ânsias loucas em tristes ais
Sou estremecida de sonhos
Pesadelos com mais desencantos
Modelos que sofrem tanto...
Arrefecida sem mais desejos
Não ficam mais nem os beijos
Que outrora ansiei te dar
Restam escórias e desencontros
Lamentos que choram tanto
Que não querem mais te amar...
Tu és o meu chão minado
Tiros pra todos os lados
Nem vale a pena compor
Perigos que ainda estão por vir
Armadilhas de todos os tipos
Esconderijos do meu sentir...
Sozinha comigo mesma
Reflito se as madrugadas
Passadas todas e eu acordada
Valeram as lágrimas vertidas
Na fumaça de horas perdidas
Esperanças não mais sentidas...
Calem-se as melodias!
Quebrem-se os espelhos!
Deixem meus devaneios
Fugirem pra outro lugar
Não quero mais ver-te escondida
Quero ficar sozinha, esquecida...
Esbarro-me em cicatrizes
Debandando ares serenos
Vou pisando chão mais ameno
Alentando-me toda inteira
Saindo desta masmorra
Grilhões soltos, antes que morra...
Myriam Peres
Formatado:
http://myriamperes.blogspot.com/2007/10/desenganos.html