TEREZA

Tereza solidificou a solidão.

Varal sempre vazio,

folhas dormindo no quintal,

o calor envolto pelo frio,

nenhum prurido de animal.

Tereza dorme abraçada ao silêncio.

Seus passos não deixam pegadas,

não há caixa de correio,

seu céu sem noites estreladas,

nenhum bebê viu a cor do seu seio.

Tereza evitou a procriação da poesia.

Aboliu a reza e, consequentemente, a fé,

fez-se enganchada na corredeira,

seu espelho é um anúncio de quem não é,

ao se passar em frente à sua casa

só se ouve o gemido da geladeira.