Minha vida a ti!
Sou um clássico
Romance machadiano
Um amor atrevido
Um amor fugitivo
Parnasiano
Ou neo-ácido.
Sou a própria pena em tua mão
O turbilhão da estação
Que leva a todos por onde passa
Se é ruim isso não basta
Tem que ser terrível
Pra ser eu.
Sou a própria dança
A brisa
Sem esperança que vaga por aí
Sou só a dor do fim.
Do partir.
E eu ouso ensaiar
Para ser e no fim não ser
Eu não tenho nem mais agonia
Que triste mania
De querer tudo saber,
Pra que se tudo vai acabar,
E eu no meu sonhar
Não terei contentamento,
Que desdobramento?
A dor no estômago
É pequena perto
Do parir dor
Que carrego por onde eu for
Bem quieto
Em relâmpago.
No enrolar do meu canto
E no delirar de meus momentos
Ah quão bom seria
Se eu que sou
Já não fosse,
Não mediria
O que disse
Mesmo triste, em mim.
Porque, eu sou
E eu dou
Dou minha vida a ti.