Devolva-me

Não sabes,

Mas me pertences.

És minha desde a primeira vez que nos vimos,

Desde sempre.

Anjos a nos olhar,

Dentro da igreja,

Na porta,

Deus escutava tudo,

E ficou a nos abençoar.

Tu tens o que de mais belo me pertence,

Minha juventude.

Tens minha graça,

Possui meus melhores sorrisos,

Minha paixão inconsequente,

Daquelas que não enxerga ninguém ao te ver.

Roubaste meus beijos,

O sabor de tua boca ainda sinto.

Teu cheiro vem vezes como brisa,

Por tua causa,

A fumaça inalada do insalubre cigarro tinha gosto,

E o cheiro que deixava era o de purificação.

Talvez por isso lute tanto contra o vício,

Talvez não do cigarro,

Mas o vício em ti.

Precisava respirar o ar que te rodeia,

E na pele eu quis ter o sol que te bronzeia,

Pude sentir a chuva que te abençoa,

E desfrutas da mesma música,

Que tocam as águas ao cair por terra.

Ah minha menina,

Nunca envelheces.

E este maldito tempo só me faz marcas profundas,

Na pele e no coração.

A lembrança de ti é proporcional a esse carrasco tempo,

Quanto mais passa, mais aumenta.

Onde Deus parou de nos olhar?

Quando os anjos pararam de nos abençoar?

A dor ameniza, a saudade aumenta,

Devolva o que é meu!

O amor que levaste.

Devolva minha sanidade,

Minha juventude.

Sereia que mora em rio,

Que em pedras vem descansar,

Nem notas o tal besouro,

Que vive a te rodear.

A morte é condição para este amor acabar?

Se a alma é eterna, este amor vou carregar?

A eternidade será nossa, ou mais uma vez iremos nos desencontrar?

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 28/01/2021
Reeditado em 07/03/2024
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