Devolva-me
Não sabes,
Mas me pertences.
És minha desde a primeira vez que nos vimos,
Desde sempre.
Anjos a nos olhar,
Dentro da igreja,
Na porta,
Deus escutava tudo,
E ficou a nos abençoar.
Tu tens o que de mais belo me pertence,
Minha juventude.
Tens minha graça,
Possui meus melhores sorrisos,
Minha paixão inconsequente,
Daquelas que não enxerga ninguém ao te ver.
Roubaste meus beijos,
O sabor de tua boca ainda sinto.
Teu cheiro vem vezes como brisa,
Por tua causa,
A fumaça inalada do insalubre cigarro tinha gosto,
E o cheiro que deixava era o de purificação.
Talvez por isso lute tanto contra o vício,
Talvez não do cigarro,
Mas o vício em ti.
Precisava respirar o ar que te rodeia,
E na pele eu quis ter o sol que te bronzeia,
Pude sentir a chuva que te abençoa,
E desfrutas da mesma música,
Que tocam as águas ao cair por terra.
Ah minha menina,
Nunca envelheces.
E este maldito tempo só me faz marcas profundas,
Na pele e no coração.
A lembrança de ti é proporcional a esse carrasco tempo,
Quanto mais passa, mais aumenta.
Onde Deus parou de nos olhar?
Quando os anjos pararam de nos abençoar?
A dor ameniza, a saudade aumenta,
Devolva o que é meu!
O amor que levaste.
Devolva minha sanidade,
Minha juventude.
Sereia que mora em rio,
Que em pedras vem descansar,
Nem notas o tal besouro,
Que vive a te rodear.
A morte é condição para este amor acabar?
Se a alma é eterna, este amor vou carregar?
A eternidade será nossa, ou mais uma vez iremos nos desencontrar?