Paixão voraz
Escara do cruel fagedenismo
(bulímica paixão que me devora),
eu anoiteço em claro junto às horas,
como uma luz no fundo do abismo.
Passo pelos ocasos e auroras,
no fio da paixão me atassalha:
a dor, que punge o peito qual navalha,
e se despede, e nunca vai embora.
Sou hoje, do que fui, uma migalha:
pirilampo, sem luz, na escuridão,
a tatear, nos túneis da razão,
onde possa despir minha mortalha.
Pudesse encouraçar meu coração!
Pudesse amordaçar o meu desejo!
Quiçá me libertasse, em um lampejo,
da gula compulsiva da paixão.
E sepultar na boca, em um só beijo,
todos os que pensei em dizer não.
Escara do cruel fagedenismo
(bulímica paixão que me devora),
eu anoiteço em claro junto às horas,
como uma luz no fundo do abismo.
Passo pelos ocasos e auroras,
no fio da paixão me atassalha:
a dor, que punge o peito qual navalha,
e se despede, e nunca vai embora.
Sou hoje, do que fui, uma migalha:
pirilampo, sem luz, na escuridão,
a tatear, nos túneis da razão,
onde possa despir minha mortalha.
Pudesse encouraçar meu coração!
Pudesse amordaçar o meu desejo!
Quiçá me libertasse, em um lampejo,
da gula compulsiva da paixão.
E sepultar na boca, em um só beijo,
todos os que pensei em dizer não.