Remenda ou joga fora?
Uma coberta cobria a cama, caía sobre os livros, aquecia as canções, encobria certos lugares feito perseguição.
Puída, algumas partes estavam puídas. A malha não tava de todo desgastada, por isso que no imaginário ainda era preservada.
Dual, remenda ou compra outra?
O tempo se encarrega de puir o novo e fazer tudo em desgaste, só para justificar a necessidade do remendo.
Tudo se desgasta, TUDO! Nem que seja em pontas diferentes, mas rasga, fura, destrói. Nenhuma coberta fica nova para sempre, NENHUMA!!
Remenda ou joga fora, eis a questão?
Há quem esteja disposto a remendar, que ao descobrir o mínimo sinal de erva daninha logo vai podar. Alguém que rega, que desfolha as folhas secas, e faz florescer, mesmo depois de quase morto.
Também há aquele que descarta no primeiro furinho, pulando de ninho em ninho, terminando sozinho, por não ter coragem de consertar um pequeno buraquinho.
Remenda ou joga fora, qual escolher?
A balança mede o valor e a reciprocidade aplicadas na costura.
Para mim, não sei se vale a re-costura, pois é uma via de mão única, não vejo motivos para esse "amor de tantas rugas" ter o seu lugar, então vou ter que achar um novo cobertor.
Que importa se o primeiro encontro foi lindo? O que de fato importa é a continuidade, e essa história se perdeu, e não tem mais jeito não. Lastimável, mas o que posso fazer? Nada! Absolutamente, nada.
Rasgo agora do meu imaginário, todo aquele cenário, vai tudo para o lixo, chega de tentar remediar as palavras duras, os achismos absurdos, ou qualquer outra coisa que foi pisoteada.
Uma hora ela encontrará outra coberta, que mesmo quando o tempo desgastar vai valer a pena (en)cobrir o puído.
Remenda se ainda há amor, joga fora se a história só te causa dor.