Texto de amor sem título
Ela gritou baixinho: " É uma pena a gente ter se separado". Os olhos encharcados molhavam o boné, e as lembranças daquele amor.
Agarradinha ao boné suspirava, como se aquele ato pudesse renascer o amor que havia morrido.
A solidão sonhava com os lindos capítulos daquele romance, porém a ira se encarregava de manchar cada pedacinho de memória que tentava alegra-la.
Havia um forte desejo de recomeçar, mas o orgulho manchava todas as suas decisões.
E também, qual o sentido de costurar um cobertor velho, se há um mundo repleto de cobertores novos esperando apenas serem encontrados?
Não, não era fácil conviver com a ruptura, mas mais difícil era não ter forças para tentar ajeitar as besteiras cometidas.
Um dia, o destino cansado dá choradeira inerte daqueles dois resolveu dar um jeito na história.
Na fila do pão, um esbarrão, um encontro. O silêncio ensurdencia o ambiente, até que.
O orgulho pisoteado pelo amor, fraquíssimo para sujar qualquer decisão, deixou em paz aqueles corações.
O braço que outrora agarrava o boné, agora se aconchegava no calor dos abraços dele. O término do ciclo do término deu início ao ciclo do início, e o amor renasceu diante dos olhos confusos daquela padaria.
A volta não foi fácil, ainda tinha ferida, muita mágoa para curar. Todavia o diálogo se encarregou de derramar unguento sobre a dor, também de limpar cada ferimento, e desfazer cada nó. Vagarosamente transformando tudo em laço.
Agarradinhos, um beijo de amor, o costurar de um velho cobertor.
Se genuíno, recíproco, todo o esforço pelo amor vale a luta. O orgulho não pode estragar tudo!