EU, OLHO DE NOVO AS ESTRELAS…

Olho-me no espelho

Existencial

E não consigo ver bem…

Se o sapo se transformou em Príncipe

Ou o Príncipe em Rei

Deixando-me levar

Por estranhas sensações que desde sempre conheci

Embora não me goste

De sentir tanto assim

E neste desconforto

Penso

Eu, olho de novo as estrelas…

A sensação

Não sensata

De amar

Sempre a pessoa errada

De nas feridas

Aprofundá-las

E não deixar

Que no lugar delas

Fiquem cicatrizes

E nunca seguir aquilo

Que tu

Alma sensata

Me dizes

Sentindo-me mais uma vez partido

Em demasiados bocados

Que não sei se terei a cola

Dos discernimento

Para voltar a unir

Restando-me a contemplação

Eu, olho de novo as estrelas…

Sinto-me um velho

Demasiadas vezes

Sinto-me rejuvenescer

A cada novo amor

Sabendo que morrerei

Logo a seguir

Para de novo ressuscitar

A cada aurora que me dê alento

Nesse fio continuo sem par

Que é nunca perder a eterna chama da esperança

Nunca parar de sonhar

E o que me resta?

Eu, olho de novo as estrelas…

Experimento então

Essa taça

Santo Grall sagrado do amor

Que misturo com o fel

Do meu sindroma

Tendo então a velha receita

De um dramalhote romântico

De cordel

Lugares comuns que se repetem

Nesta ladainha afectiva sem fim

Nunca aprendo a lição

Porque aprendi

Que há pessoas como Eu assim

Relembrando na penumbra lírica

A minha estafada frase:

Eu, olho de novo as estrelas…

Ergo então a minha espada do amor

Onde tilinta a paixão

Que ela corta em milhões de bocados

Para meu grande constrangimento

Meu supremo embaraço

A espada que aguarda

Mais mil batalhas

Até ao colo final

Á cama uterina

Permanente

Onde mais do que a mistura de almas e corpos

Se trocarão

Ternuras latentes

Porque nunca

Jamais

Hei-de deixar de acreditar

Que o meu paraíso romântico

Há-de por fim de chegar

Trocando caras que se seguem umas às outras

Por uma que me há-de ver envelhecer

Nessa coisa que é um afecto

A valer

Porque Ela

Terá sido de todos os meus amores

A mais bela

E enquanto espero

Rodopiando de lar em lar de copos em copos

De inquietação em inquietação

Suspiro um eco que vai da alma ao ardor dos ossos

E, Eu, olho de novo as estrelas…