EM ALGUM LUGAR
O simples bocejar do vento,
quando para de correr àtoa,
anula o vigoroso riso do tempo,
paira sobre montanhas, voa...
O fluxo contínuo das corredeiras,
o roçar de asas dos besouros,
lebres em leves brincadeiras,
em algum lugar, rãs faceiras,
lá se escondem os tesouros...
A dança das velas dos barcos,
a pele da água, inquieta,
o sol, suas flechas, seus arcos,
as conchas, de pérolas repletas...
O mar recebe o rio, o abraça,
o sal e o doce sobre escamas,
a chuva a terra turva enlaça,
o vulcão, circense, cospe chamas...