A INVENÇÃO PERFEITA
Não procure onde perdeu seus sonhos:
procure onde podem estar agora;
nem diga que eram eles tão risonhos,
que nenhum deles, perdido, chora...
Somos sempre simpáticos à nós mesmos,
adoramos quando aprendemos a fingir;
chamamos de deslizes nossos erros,
que não precisamos mais chorar e, sim, rir...
No ápice dessa imensa auto-adoração,
onde pomos nosso ego no topo,
sempre fazemos do nosso coração
um audaz cavaleiro, poeta louco...
A imensa capacidade de imaginar
nos tornam senhores de todo o futuro;
capazes somos de adocicar o mar,
de iluminar o mais escuro escuro...
A invenção perfeita veio com Narciso,
onde pudemos ver o rosto que nos via;
olharmo-nos de frente, urge, é preciso,
como é preciso ver a face da poesia...