O TETO

O teto era o mesmo

quando acabou o teu amor por mim.

Precisava de uma mão de tinta,

quando acabou o amor.

E a umidade do teto

significava umidade em tudo:

no destroço do afeto;

no estardalhaço;

naquilo que doía,

naquilo que era moído.

O teto era o mesmo

quando acabou o teu amor por mim

precisava de uma mão de tinta branca

Mas pintar não resolveria

pois gotejava aquele amor

algo que derrubaria o teto úmido

e as paredes não se sustentariam

por uma questão de desprezo.

Todo o resto também era saudade.

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 17/01/2021
Reeditado em 20/05/2023
Código do texto: T7161584
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