FINGIDOR
Quando escondo de mim
o que você já sabe,
essa solidão sem fim
já não mais aqui cabe...
Me finjo poeta
a escrever rondó,
buriloso esteta,
não uso a palavra dó...
Uso o artifício do ator,
a máscara me cai bem,
finjo que não sinto amor,
me faço amigo do desdém...
No meu coração tem um cofre,
no cofre o meu testamento;
nada de vultuosa posse,
só o que sinto por dentro...
Amor é fera que não se doma,
é noite que surge quando se vai o dia;
esconder da amada a própria sombra
é escrever sem tinta amorosa poesia..