A fantasia das Musas

Fadado a perseguir-te eternamente

Maldita inspiração,

Busco a Musa que (lâmina afiada) me faça

Verter (o sangue) em versos, essa angústia amarga

Que transborda, triste, do que sou...

E, para cantar o amor,

(essa mítica sereia da qual só ouço o nome falar,

e da qual só vejo vultos)

Visto minhas quimeras com corpos e psiques emprestados,

Que por aí encontro... Por que busco!

Então não seria a ti que amo,

Mas a uma criação por mim composta?

Pois, para amar-te, dei-te as roupas, a fantasia

Dos meus delírios

Passando a louvar o que é meu, e em ti reflito...

Silencia, verdade! Cala-te, grito!

Não importa: ainda que eu invente, minta,

Seguirei a perseguir-te,

Ó tão sonhado alívio de minhas dores,

Contando um dia encontrar-te, ainda que sejas somente

O sublime Nada, e não existas, sequer,

No meu aniquilamento...

Sergio Vinicius Ricciardi
Enviado por Sergio Vinicius Ricciardi em 30/12/2020
Código do texto: T7147592
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