A fantasia das Musas
Fadado a perseguir-te eternamente
Maldita inspiração,
Busco a Musa que (lâmina afiada) me faça
Verter (o sangue) em versos, essa angústia amarga
Que transborda, triste, do que sou...
E, para cantar o amor,
(essa mítica sereia da qual só ouço o nome falar,
e da qual só vejo vultos)
Visto minhas quimeras com corpos e psiques emprestados,
Que por aí encontro... Por que busco!
Então não seria a ti que amo,
Mas a uma criação por mim composta?
Pois, para amar-te, dei-te as roupas, a fantasia
Dos meus delírios
Passando a louvar o que é meu, e em ti reflito...
Silencia, verdade! Cala-te, grito!
Não importa: ainda que eu invente, minta,
Seguirei a perseguir-te,
Ó tão sonhado alívio de minhas dores,
Contando um dia encontrar-te, ainda que sejas somente
O sublime Nada, e não existas, sequer,
No meu aniquilamento...