O RISO DA POESIA
Estourou o cano da poesia na rua trinta e seis,
tá chovendo versos encharcando o asfalto,
espalhando rimas sobre todos vocês,
crescendo nas fendas feito mato...
Foi dado um alerta pelos iletrados,
os dos gabinetes já pensam em decretos,
a poesia deve ser contida, versos apagados,
não se deve dar quitutes a tantos analfabetos...
Poetas escancaram sua alegria,
olhos marejados, lágrimas de odes,
cordéis dançam por toda a via,
a prosa, frenética, toda se sacode...
O mundo nunca mais o mesmo será,
alma feliz nunca mais será tardia,
escrevam, poetas, eu lerei, alguém lerá,
escutem, escutem o riso da poesia...