Eu assumo
Sinto muito
Por não sentir
Quase nada
Durante tanto tempo
E esconder de você
Essa verdade que
Salta de hora em hora
De dentro
Do meu peito
Eu assumo que tenho medo!
Medo de encarar
A dura realidade
Da vida
Que é saber
Que seus olhos repousam tranquilos
Sobre a beleza de outra pessoa
Assumo que tenho receio
De imaginar
Seus pensamentos soltos
Encontrando morada
Em outras bocas, dedos, corpos
Em completo abandono
Por caminhos tortuosos
A vida e a morte
Acontecem num estalo
Um dia eu te via aqui
Ao meu lado superforte
No outro,
Tive que apagar da memória
Seus pedaços
E nunca mais
Pude agarrá-los
A vida tem seus mistérios
Trilha caminhos incorretos
E mesmo sabendo disso
Sabendo do risco
Que corro
Toda vez
Que de você me liberto
Eu assumo
Assumo minha mais profunda tristeza
Como fez o Messias
Caminhando pelas veredas da vida
Assumo minha covardia
Em assumir todos os dias
Esses medos
Assim, de cara limpa
Por falar nisso
Às vezes eu acho
Que esse Deus
Ele não me enxerga
Ele não
Me reconhece
Entre os filhos seus
Eu não entendo
Essa nossa relação
De amor e ódio
E sempre que me ponho
A pensar
Lembro que talvez
Ele não me tenha
Feito de propósito
Eu fiz esses versos
Com recortes
Do meu passado
Com a intensão
De que você
Me ouvisse gritar
Lá ao longe:
Sim, eu as-su-moooo!
Esse sol que faz aí dentro
Me acertou em cheio
Deixou meu peito
Em completo desespero
Fez de mim
Criança brincando
Na areia da praia
O verão inteiro
Ouvi alguém dizendo
Que o amor esquenta o coração
Foi então que eu assumi
Talvez pela primeira vez
Pra todo mundo
E também pra mim
Um poeta estranho
Que não posso
Te deixar partir
Sem assumir
Que eu te amo