A Transfiguração do Amor

Os teus olhos cerrados, como uma casa a dormir,

Exalam o perfume desta estranha conjugal união.

Aquelas palavras ditas eram grávidas de execração,

E na alcova de amar havia os lençóis do ressentir.

Os teus olhos despertaram, como uma flor despida,

E logo tua mão encontrou todo o pesar de meu olhar.

Soergueste-te na cama, calmamente, para descansar

Em teu peito as efusões de minhas lágrimas contritas.

Logo depois, teu sorriso se espalhava por todo o lar,

Lancei ao chão aquelas tristezas, ideias e pensamentos

E nossos risos se enlaçaram com um simples juramento:

Não desistir do outro, não importam as vicissitudes de amar.

Quando ias, tão serena, ao quintal regar as flores

Tosquiavas as folhas murchas de nossas dores,

Cantavas o perdão de nossas infantis inseguranças,

E ao me ver te vendo, me colhias com beijos e esperanças.

Naqueles vales de martírios achou-se o Lírio da Remissão,

E em teus lábios selamo-nos as sonoras conchas da fidelidade,

E em nosso refúgio brilhou o êxtase leitoso da transfiguração,

Pois a Ciência, a Empatia e o Amor de nossa afetividade

São os mistérios cognoscíveis da trindade de nossa adoração.

(Gilliard Alves Rodrigues)

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 19/12/2020
Reeditado em 19/12/2020
Código do texto: T7139303
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