LACRYMOSA (Versão 2007-2008)
Deus
Na forma de uma pomba
Que aterrou
No local onde lá calha morar
Sublimando nesse gesto
Todo o meu
E o seu
Infinito
Amar
Lacrymosa
Passam
Os séculos
E Eu
Já terei vivido
Mais de cem
E amado
Mais de mil
Pois perdi a conta
E por isso
De cada vez que as faço
Parto
No espelho da existência
O meu milenar
Perfil
Lacrymosa
Bailado
Transgeracional
E portentoso
Se calhar assexuado
Pela impossibilidade risível
De não te querer
E de mesmo assim
Sempre te ter
A meu lado
No teu aroma de mulher
Que me suscita
Um secreto desejo
Que é meu
E de quem o quiser
Lacrymosa
Cantam
Os anjos
Nas altitudes celestiais
Dizendo não dizendo
Que ela era das tais
Ou simplesmente
Era a tal
Capaz de levar um beijo meu
Para estranhos domínios
Que não só os sensoriais
Em banhos de perfume
Kafequiano
Com borrifos
Do mais puro realismo
Num entrelaçar de corpos e de mentes
Que me dizem ao ouvido
Mas bem alto
Que tal era o que eu preciso
De me ausentar para dimensões
De desejo
Onde a taça da tentação
De uma cama
Deixada vazia
Em vão
De um corpo feito campo
Que com a minha semente
Espiritual
E corporal
Desejava lavrar
Em filhos de estrelas
Cujo destino
A minha tal semente
A eternidade vai ganhar
Porque amei demasiadas
Poucas
Caras e corpos
Numa alucinação
Subliminarmente perpetua
E poderosa
Que resumo a uma pequena palavra:
Lacrymosa