Pássaro Sozinho
Hoje vi um passarinho
Pousado num fio, sozinho
Estranhei, é primavera
Época de acasalamento
Os pássaros cantam, pulam, rodopiam
São puro contentamento.
Com suas asas encolhidas
Mergulhado em reflexão
Parecia meditar sobre a vida
Seria sobre sua passarinha querida?
Ou era tão somente solidão?
Dos humanos me lembrei
Com suas crises interiores
Santinhos e foras da lei
Cheios de experiências e dores
Vidas, algumas, repletas de horrores
Em campo de flores que só tinham espinhos
Turvando a visão, ocultando o caminho.
As decepções da vida...
Por vezes uma de outra seguida
Deixam marcas, deixam feridas
E levam alguns à castração
Ao ostracismo, à solidão
Deixam em confusão
Passarinho e passarinha
E eles perdem a direção
Fecham-se, chegam a conclusão
De que é melhor estar sozinho
Do que mal acompanhado
É bem certo esse ditado
Mas não é a única opção.
O passarinho então voou
E n'outro fio ele pousou
Sorri com o que vi
A passarinha estava ali
Provavelmente o tempo todo
Mas a criaturinha emplumada
Que parecia paralisada
Decidiu virar o jogo.
Pensei:
Ele tirou a velha passarinha da memória
Decidiu escrever uma nova história
Pois não desiste de seu final feliz a dois
Ele cortejava, batia suas asas
Em breve teria nova casa
Não deixaria mais pra depois
Já que a vida é como trem bala
Viagem curta sem escala, sem mala
Não vale a pena viver no passado
A vida tem sempre outro bocado
Por vezes, muito mais abastado
Há infinitas possibilidades
E isso independe das idades
De religião, raça, cor…
Depende apenas e tão somente
Que se abra o coração
Que se abra a mente
E se entregue ao poder do amor!
(Interação de Melissa Bandeira)
As asas do passarinho
Riscavam o céu pra lá e pra cá
Cansou de voar... pousou num lugar
Nem poderia imaginar
Havia uma passarinha a lhe esperar
E agora? Pousar ou voar?
Há momento para tudo
Então para tudo!
Quando o tempo para...
Nada fala, nada cala!
E quando não há palavras, é hora de cantar! Sintonia agora ou depois
Sinfonia a dois!