O AMOR É CEGO

Sempre achei que o amor fosse um guia

que guiava os homens na selva da solidão,

provocava encontros entre a voz e a poesia,

o ritmo do universo e as batidas do coração...

Guia cego que não via de cada um o rosto,

se servia do toque, do cheiro, da palavra,

se usava bengala, não sei, e isto posto,

por ter tanto, punha algo onde não havia nada...

Foi usado em batalhas, guerras santas,

em nome dele muitos subiram ao cadafalso,

em seu nome as mortes vãs foram tantas,

muitos que viviam cá embaixo foram para o alto...

Por ser cego e desajeitado e muito dado,

foi confundido com a carne e o prazer,

em posse descomunal foi transformado,

por servir a todos foi servido como lazer...

Muitos foram guiados no justo caminho,

conheceram o princípio da felicidade,

usaram com parcimônia como um bom vinho,

foi a alma dos que buscaram a liberdade...

Hoje é conhecido como a fraqueza humana,

ou então a fortaleza que apascenta e guia,

mesmo cego sabe acender a doce chama

que gerou poetas e suas belas poesias...