DIANTE DO MEU ESPELHO
(Sócrates Di Lima)
Meus olhos são de suave castanho,
Como uma tarde crepuscular.,
Onde a chuva envereda para um tom estranho,
Faz-me sobre minha alma olhar.
E estes olhos que a tudo vê,
Busca ao longe um lindo entardecer.,
Onde nele a silhueta traz você,
No leve toque da brisa que faz a tudo esquecer.
Meus olhos assim são,
Como um portal do jardim do meu querer.,
Onde há o brilho da escuridão,
Que se abre para não mais se perder.
Ah! Nestes versos de sutil zelo,
Trago o gole da saudade em cálice vermelho.,
Suave e terno como um apelo,
No meu olhar, diante do meu espelho.
Recanto as canções que um dia lhe cantei...
Relembro os momentos de insano prazer
Meu corpo arrepia, porque hoje despertei,
Nas lembranças desse nosso bem querer.
Há no espelho uma imagem triste...
Que olha para mim com piedade...
Mas no fundo dos olhos ainda existe,
O reflexo do amor que mora na saudade!