Condenação
E a chuva cai sobre a cidade
E eu sorvo a bebida que do copo transborda
Num canto qualquer
E minha pele ressente-se
Não tanto pelo ar frio
Ela pressente algo em mim
Que partiu
Meu coração esquadrinha velhas e novas lembranças
E ele condói-se
Eu já não trago esperança
De amar como já amei
Eu sei que há amor em meu entorno
Mas ainda assim sinto o vazio
É querer dar algo que não se tem
É esforça-se para não partir ao meio outro alguém
Toda essa chuva a cair
São as lagrimas que eu não deixo sair
Eu acendo outra cigarrilha
Eu peço mais uma bebida
Procuro em mim entender a razão
São tantas salas escuras dentro do meu ser
É tanto abandono e solidão
E quem diz que conhece-me
Engana-se.
Pois, eu mesma não reconheço-me
Diante um espelho sujo
Eu pergunto:
Quem é você estranha?
Onde todo amor que pulsava em mim?
Será que me perdi?
Ou sempre fui assim?
Oras outrem
Por vezes atriz
Quem diz que me quer
E quem disse que já me teve
Esbarrou com essa fina camada de brilho
Nunca adentrou aqui onde habito
Pois perderia-se em labirintos
Contornos irregulares da minha alma ferida
Nesse breu que encanta e entorpece
Mais um dia amanhece
E as perguntas sem respostas
Aqui permanecem
Eu sonhei tanto em mãos unidas e entrelaçadas
Mas elas encontram-se soltas
E eu não tenho como evitar
Toda a grande devastação que se anuncia
Preparo-me.
Agora saio da vítima de minhas dores e desamores
Para ser algoz da dor e desamor de outro
Essa minha sentença
Essa minha condenação