SOMENTE UM
Estou fadado a ouvir os seus passos
pelos quais vai firme e devagar,
sobre pequenas nuvens e espumas do mar.
Penso e imagino os leves deslocamentos
que lentos vão atender a um chamado que desconhecido.
Contorço de ciúmes e sonho que caminha em minha direção.
O auto-engano me traz sua voz
que cochicha em meus ouvidos e acalma
sossegando o coração e a alma partida pelo medo do desconhecido.
O mundo não espera, o cansaço me supera e rouba forças
Guardadas para cuidar de suas dores, desamores e infortúnios.
À deriva navego em um turbilhão de ondas de sentimentos,
o ar me falta, mas e a desejo tanto que não abro mão de seus sofrimentos.
Se necessário quero me confundir com eles
Acabar-me neles e,
diante da possibilidade de vê-la infeliz,
sonho em protegê-la, em tê-la, em ser você
e que somos, nesse mundo desencantado, somente um.
***
Lúcio Alves de Barros (poesia publicada no livro BARROS, Lúcio Alves de & VILELA, Antônio Henrique. Das emoções frágeis e efêmeras. Belo Horizonte: Ed. ASA, 2006. p. 102).