A CAMINHO DE DEUS

Venero e desejo o pequeno e majestoso tesouro que à minha frente parece-me inatingível

Aos poucos lhe toco e separo as preciosidades que nele encontro

Lentamente tateio, procuro, busco, investigo, pesquiso, acho e perco...

Deslizo com mãos trêmulas sobre partes intumescidas do tesouro e me embaraço ante as montanhas que me enchem do pavor e do amor inerentes à loucura e à razão sem limites.

Respiro fundo. Respiramos e choro...

Lágrimas molham lábios que se confundem com sua carne macia em meio a sentimentos diletantes, confusos, perturbados e irracionais...

São sentimentos que desconheço

Pensei em mim, no seu corpo, no meu corpo, nos nossos corpos, em um só corpo

Somos um e, aos poucos, investigando o seu pequeno e perfeito tesouro encanto-me com o perfume e, ao perceber a pérola do corpo antes escondida, tateio e a encontro

Sinto medo, respeito e amor...

Enfeitiçado, me regozijo ao vê-la se mover sobre mim, dentro de mim, perto de mim

O amor enfurece, enlouquece e perdemos os limites que entre mordidas, beijos calorosos e sentimentos latentes e manifestos se misturam ao suor e ao prazer de ter.

Uma força divina invade nossas almas, domina e percorre com rapidez o corpo que protegido espera vulnerável as agulhas que, fincadas às costas, expulsam suspiros de amor.

As agulhas são bem vindas, acompanhadas com sentimentos tocam o coração e fazem a razão gozar com o corpo que se debate ante o descontrole dos olhos, mãos, pernas e cabelos.

Agora somos um...

... estamos unidos

e caminhamos em passos largos para aquele que nos criou, Deus.

***

Lúcio Alves de Barros (poesia publicada no livro BARROS, Lúcio Alves de & VILELA, Antônio Henrique. Das emoções frágeis e efêmeras. Belo Horizonte: Ed. ASA, 2006. p. 106 e 107).