Despedida inesperada
O brilho dela me fez poeta
A lua nos mostrava sua face luminosa
Eu não tinha nome nem endereço
Ela me chamava de poeta
O gosto dela era elixir transformador
Seu suor contaminou minha pele
A tal ponto que me alterou o odor
Então me tornei poeta
Meu corpo já não era o mesmo
Bem como a minha concepção de amor
Falava sozinho recitando a esmo
Os tantos versos que escrevi com ardor
Palavras adocicadas dedicadas a seu louvor
Sem mais nem porque resolveu me deixar
Até meus poemas deixou de ler
Cumpriu a promessa de se livrar
Do poeta que ajudou a conceber
O desespero é repentina tempestade
A esperança se renova feito amanhecer
Aprendi a esperar em silêncio
Impotente solitário e austero
Feito fortaleza milenar
O dia que nossos olhos marejados
Ávidos voltarão a se encontrar