Cigarras Cantam
Cigarras Cantam
Adormeci ouvindo seu canto lá fora
Aos poucos aquele mantra tomava meu ser
Guiado pelos vastos átrios dentro de mim
Um lugar onde ecoava às primícias da minha alma
Onde não havia sentimento de dor ou decepção
Num canto escuro tinha uma cigarra presa à uma gaiola
De portas abertas parecia cega alheia à saída
Só tinha o seu cantar, ecos de uma solidão
À esperança à abandonou à morrer de cantar
Sozinha era sua condenação minha alma chorou
Enxuguei minhas lágrimas olhando dentro de mim
Eu uma cigarra triste cantava por chuva de verão
Enganado eu cantava meu canto
Que clamava por amor inconciente
Por vida naquela primavera por outra cigarra que fugia da solidão.
Ricardo do Lago Matos