Silêncio na noite escura
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Três e meia da manhã
Há silêncio na chuva companheira
No céu sem cor aberto em relâmpagos
De compaixão
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Procuro a lua mas sei que ela
Não virá
A minha deusa ocultou-se para além das árvores invisíveis
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As “boas-noites” do chão
Não se vêem no espelho dos charcos
Da valeta
As papoilas perderam a corola
Na enxurrada adversa
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O meu coração espelha-se
No silêncio e esquece, por vezes,
Que o dia vai nascer
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Mas ecoam nos meus ouvidos
Os carrilhões dos anjos
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© Myriam Jubilot de Carvalho
2020