VIOLINOS DO SONHO

CORAÇÃO DE OUTONO

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Coração das folhas vagabundas de Outono,

donde vieste?

Cerras-te ao voar pelas galerias de ouro.

Quem te reconhece?

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Amanhã não haverá Sol. E

as amplitudes térmicas vão abrir

brechas do cume ao sopé

das montanhas rochosas.

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Dedos das rosas pelas teclas moribundas,

quem vos prendeu?

Amanhã vai chover.

Olhos das ondas pelas areias da praia,

ingénuos infantes,

quem vos trouxe aqui?

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Oh violinos do sonho, trompas

da morte, montras

da noite,

donde foi que eu vim?

*

*

FOLHAS DE OUTONO

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Folhas amarelecidas, queimadas,

à superfície do Lago

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Folhas mágicas –

folhas de plátanos

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Mãos de deusa

madrinha de guerreiros

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Sonhos impelidos pelo Vento

à superfície do Lago

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O sábio Vento não esquece

as tristes folhas de Outono

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TARDE MÁGICA

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Tarde mágica, suave, povoada de gaivotas

Ondinhas pequeninas, espuma branca a

correr pela areia

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A esconder-se, em segredo, atrás

das nuvens espessas, o

vermelhão do sol

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– Não adormeças!

Não te escondas esta noite!

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– Fica comigo, leva-me às nuvens

Cobre-me da sua manta quente, aconchegante –

elas ainda guardam o teu calor

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– ...Eu, sem ti? Não sou nada...

Agora que vais viajar para tão longe,

onde irei buscar essa força

que só me vem de ti?

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Outono, maré baixa

*

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© Myriam Jubilot de Carvalho

2020

Myriam Jubilot de Carvalho
Enviado por Myriam Jubilot de Carvalho em 29/11/2020
Código do texto: T7123367
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