Colabado amor
As vezes escrever parece dor
A caneta agride o branco do papel
Mancha a toalha da mesa em azul
Ainda que a mente esteja no céu
O corpo mergulha na devassidão
E o êxtase efêmero desnuda o véu
Da chama que arde ao léu
Que dor é essa de rima e flor
Que dor é essa com sabor de mel
A fúria das letras na solidão da noite
A doçura dos toques desse açoite
Que sofro girando nesse redondel
O furor da palavra se traduz em versos
Agressivas palavras do triste cordel
Vinho salvador que salva em torpor
O ódio e a dor colabados em amor