Humano e Poeta
O poeta é -antes de tudo - um insano!
Vaguea - não sem medo - pelo mar das sereias
Pelas praias esquecidas, pelas brumas
Pelas vagas branqueadas d´escuma
Buscando tesouros que ninguém mais vê
Só por sua fé norteado
E se me achas tresloucado
Dizei-me o que acha você.
Bem sabes que a amo
Eu, humano e poeta na lua cheia,
Indivisível! Dois em um no seu abraço
Menino e homem no seu regaço.
Parto hoje, vem comigo
Farei-a feliz, tenho certeza.
Eu serei sua fortaleza
E meu peito seu abrigo.
O humano -antes de tudo- é frágil
Caminha -por vezes corre- sem ousar
Tranca-se à noite no quarto
Desiste, sente-se exausto
Não prossegue nas adversidades
Cai facilmente por terra
Lamenta-se, abre mão da liberdade
Magoa-se e seus sonhos enterra.
Não temo o naufrágio
Tenho braços, posso nadar.
Tenho pena e tinta, versos pra escrever
Motivos pra viver.
Vem cá, deixa-me ser sua jangada
Sê meu mar e eu seu seguro porto
A ilha dos amores aguarda nossa chegada.
Mais amores há em seu cabelo solto.