AMENIDADES - CANTO XVI - Serei por acaso ?
Hoje quando saio
percebo o silêncio a minha volta,
olho-me muitas vezes espantado,
gosto do silêncio acariciado
mas nem tanto assim, pode causar revolta.
Pergunto muitas vezes a mim próprio
se sou a brisa, o vento
que chega de mansinho ou de tocaia;
por este estado de mistério em contra-tempo
não sei ..... estarei nesta raia ?
Serei por acaso ?
O amanhã, quando não sei nada, pudera .....
nada do ontem, ou será:
não digo nada, quanto mais do hoje, quem dera .....
O que sei então ...... Olhe e verás ......
Peço somente ao tempo
que me deixe contemplar
o perfume das rosas e dos campos.
Mesmo estando desnudo a esperar,
lembro vagamente dos jasmins aos prantos.
E neste último instante
deste hoje, como é doce amar
e belo estes tempos, estas vias, esta herança,
estas alvas praias a derramar
flores molhadas, ternas esperanças.