AMOR CADENTE

Há tanto vazio nos estroboscópicos pecíolos

de tuas pestanas...Que lusco-fuscas sinais de desprezo

Ainda que te peça não termines comigo

Nada há que na volúpia de teu desejo

Nesta pressa insana em acabar comigo

E me deixar sem as serpentinas de teus rastros acesos...

Como estrelas cadentes errantes de astros

Na escura noite de minha saudade

Cicatrizes Azul-lácteas violáceas

Beijando o breu da escuridão

Quais lírios que sem tempo e quem lhes cuide dão flores

Sem que os malmequeres possam sequer existir

Plasmam sem horas que o relógio deflora

Queres me deixar sem poder tocar teu céu

Como borras de café já tomado me sinto

Indo pelo ralo do esquecimento

Na embriaguez calorosa do absinto...

Os beijos angélicos das estrelas

flutuam como abelhas numa imensa colmeia

Sem produzir o mel do meu coração

Que delas se alimentava da mais doce paixão

Eis que agora vem a sofreguidão do pinçante ferrão...

Mais vá, segue o rio do teu destino

Podes até em teu irreal desatino

Como papel já borrado

Me rasgar por inteiro

E depois me queime

Com um isqueiro um tanto já usado

Consumido e consumado

Qual um cigarro apagado

Qual uma estrela abandonada

E laconicamente perdida em cinzas

No buraco negro de um cinzeiro...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 23/11/2020
Código do texto: T7118978
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