AMOR CADENTE
Há tanto vazio nos estroboscópicos pecíolos
de tuas pestanas...Que lusco-fuscas sinais de desprezo
Ainda que te peça não termines comigo
Nada há que na volúpia de teu desejo
Nesta pressa insana em acabar comigo
E me deixar sem as serpentinas de teus rastros acesos...
Como estrelas cadentes errantes de astros
Na escura noite de minha saudade
Cicatrizes Azul-lácteas violáceas
Beijando o breu da escuridão
Quais lírios que sem tempo e quem lhes cuide dão flores
Sem que os malmequeres possam sequer existir
Plasmam sem horas que o relógio deflora
Queres me deixar sem poder tocar teu céu
Como borras de café já tomado me sinto
Indo pelo ralo do esquecimento
Na embriaguez calorosa do absinto...
Os beijos angélicos das estrelas
flutuam como abelhas numa imensa colmeia
Sem produzir o mel do meu coração
Que delas se alimentava da mais doce paixão
Eis que agora vem a sofreguidão do pinçante ferrão...
Mais vá, segue o rio do teu destino
Podes até em teu irreal desatino
Como papel já borrado
Me rasgar por inteiro
E depois me queime
Com um isqueiro um tanto já usado
Consumido e consumado
Qual um cigarro apagado
Qual uma estrela abandonada
E laconicamente perdida em cinzas
No buraco negro de um cinzeiro...