EQUIDISTÂNCIA ou UM DESEJO PRA ELA
Existe um ponto
entre o devaneio
e o desencontro,
o desassossego
e o desaponto
transpassando
os lírios do sonho
onde habita
a voz do espanto.
Não tem teus olhos,
teus lábios,
teu rosto.
Não tem teus indícios,
teus sinais,
teu algo mais...
É só um precipício,
um vestígio
da tua aparição.
É só uma miragem,
um princípio
de imagem,
uma contradição.
É só um verso etéreo,
um verso sério
que não tem direção.
É só um desalento,
um mau momento
uma desilusão.
É só um detalhe
perdido no tempo
na contramão;
Esse detalhe é a saudade
construindo tua face,
diluindo a mensagem,
destruindo o hiato
do encontro e abandono,
dicotomias precisas
A parte
que te trás e leva embora,
A parte
que não tem hora
nem lógica, nem lugar,
A parte
que é disparate
é pecado, infâmia,
A parte
que é tarde,
é idade, é distância!
Penso em meus erros
e penso em nós
e sinto longínquo
teu cheiro
e me bate um apego
do teu suor
em meus dedos
e quero ouvir inteira
tua voz em meu íntimo
e perco meu parco juízo
e deito com este apelo
e durmo deste sumiço.