EQUIDISTÂNCIA ou UM DESEJO PRA ELA

Existe um ponto

entre o devaneio

e o desencontro,

o desassossego

e o desaponto

transpassando

os lírios do sonho

onde habita

a voz do espanto.

Não tem teus olhos,

teus lábios,

teu rosto.

Não tem teus indícios,

teus sinais,

teu algo mais...

É só um precipício,

um vestígio

da tua aparição.

É só uma miragem,

um princípio

de imagem,

uma contradição.

É só um verso etéreo,

um verso sério

que não tem direção.

É só um desalento,

um mau momento

uma desilusão.

É só um detalhe

perdido no tempo

na contramão;

Esse detalhe é a saudade

construindo tua face,

diluindo a mensagem,

destruindo o hiato

do encontro e abandono,

dicotomias precisas

A parte

que te trás e leva embora,

A parte

que não tem hora

nem lógica, nem lugar,

A parte

que é disparate

é pecado, infâmia,

A parte

que é tarde,

é idade, é distância!

Penso em meus erros

e penso em nós

e sinto longínquo

teu cheiro

e me bate um apego

do teu suor

em meus dedos

e quero ouvir inteira

tua voz em meu íntimo

e perco meu parco juízo

e deito com este apelo

e durmo deste sumiço.

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 22/11/2020
Reeditado em 22/11/2020
Código do texto: T7117870
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