Derretendo feito rocha

Era tão jovem

E tinha a cabeça voando alto pelo céu da cidade que agora se desfazia em cinza

Enquanto via os seus sonhos serem enterrados

Uma ação que não foi autorizada, que sequer o perguntaram sobre

E então nas noites ele bebia

Ele bebia querendo morrer, ele bebia para esquecer

Longe de casa

Aprisionado em um mundo que agora ruía em cinzas

Enquanto eu estava derretendo feito rocha

Depois de ter sucumbido aos arcos daquele amor ígneo

E assim se foram alguns copos, um a um, até resultarem em várias garrafas vazias no chão

Deixando-me constantemente a perguntar

Por que eu deixei me consumir pelas chamas daquele sentimento

E me metamorfizar?

Por que eu cedi a pressão daquele sentimento

E me deixei fragilizar?

Por que eu deixei me consumir pelas chamas daquele sentimento

Quando tudo já não parecia mais certo?

Por que eu deixei me infectar pela força daquele sentimento

Sendo que ainda havia como voltar atrás?

Nas erupções noturnas, eu fui me quebrando

E nas erupções diurnas, a pressão em mim foi aumentando

Ao ponto de que não tinha mais como negar

Tal coisa marcaria para sempre a minha vida

Nas erupções noturnas, eu fui me quebrando

E, nas erupções diurnas, a pressão em mim foi aumentando

E a já conhecida textura cristalina de meus olhos

Fora substituída pela moribunda vítrea