AFOGUEI A SOLIDÃO
Izaias Veríssimo de Castro - 18/11/2020
A solidão afronta, me desafia a ir onde tu estás
Mas a distância é tanta, meu tempo é curto
E já que a minha pele da tua anda tão dividida
Resta sair por alguns minutos e meditar a vida
Quão bom é quando chego e o encontro calmo, o mar
Onde tantas vezes estivemos juntos, de amor a esbaldar
Ao por do sol, no despontar e no leve subir do luar
O deslizar suave das ondas, nunca canso de olhar
Sinto a paz adentrar, respiração suavizar, a aura dilatar
Lembro de ti, lhe pressinto, teu cheiro eu sinto
Sim! Eu sinto, encho o peito e em devaneio absorvo
Ele vem na maresia que paira sobre o mágico recinto
Na praiazinha que sempre chamei de minha
“A dedo” nosso nome, dois corações e uma flechinha
Lá, eu deito, rolo, sorrio e converso sozinho
Finjo ter você comigo e eu mesmo me acarinho
No pontal de vista triunfal, coisa mais que rara
Onde a brisa pura em consolo tão bem me afaga
Não há como não lembrar as tuas mãos de fada
Num arrepio intenso, sinto deliciosamente que levito
É a leveza necessária que eu precisava na alma
Desço, mergulho, ressurjo, afoguei a solidão
Vou embora dormir e contigo quero sonhar
Servirá de preparo, o que pré me abastará
Pra livrar do jejum em que tu me forçastes a ficar
Amanhã sei que já voltas, pois é aqui o teu lugar
Dentro deste coração que ansioso bate
Pra de novo sentir teu abraço e preencher o vácuo
Que quando repentina partiste, dentro dele tu deixaste.