Capítulo XXI – Me dê motivo / Nada de mãos dadas
Nada de mãos dadas
Fomos ver o mar
De mãos dadas
O sol suave
Nos queimava
Brincando na areia
Distraídos, não vimos
Nuvens que se fechavam
Convidou-me para entrar no mar
E fomos
Ainda de mãos dadas
Os pés a areia ainda alcançavam
Tão distraídos ficamos
Não percebemos
Que as ondas nos tragavam
Perdemos o chão
Não senti medo
Porque as mãos
Ainda estavam atadas
E teu sorriso tranquilizava
Mas a tempestade se anunciava
O mar agora esbravejava
Tínhamos que voltar
De mãos dadas?
Nada!
Senti teus dedos escorregar dos meus
Em direção à praia
Ia firme e forte dando braçadas
Sem olhar para trás
Não via que o mar me levava
Me afogava
Água entrando por cada poro
Como outrora entraras
Em lampejos de vida
Via que tu te salvavas
E não cogitaste voltar
Não eras do tipo que se arriscava
Jaz o meu corpo
Tudo bem!?
Não sabias
Que eu mal nadava
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