TEIAS DE ILUSÃO
Estrelas caem na minha cabeça
que não se abre obstantemente,
rumina lampejos de inteligência,
mas afaga murmúrios de solidão.
Espera, estranhamente sóbria,
o que a sobriedade em si rejeita,
rasgos de infantil maturidade,
com senis traços de esperança.
Oh, vão alento infrutífero,
tribestiônico espasmo mental,
que vaga de neurônio à neurônio,
sem chegar jamais à lugar qualquer.
Nem cedo nem tarde, talvez nunca,
entenderá os meandros da paixão.
Ilusão lúcida, miragem no deserto
do peregrino perdido, sem camelo ou sombra.
Que esperas, oh encefálica massa
que tem livre arbítrio para não sofrer,
que o objeto da tua espera,
seu mirífico e bruxoleante sonho,
mil-e-uma-noitemente se realize?
Como um Pégaso das tuas fantasias,
como os fantasmas da tua solidão,
trar-te-á o sopro, a sorte, o riso?
A lógica diz, não.
Por que caos então te açoitas?
Por que diabos então não despertas?
A vida segue inexorável seu curso
e traz-te implacável tua quota de dor
aquela, reservada à quem veio a ser.
Assim, por que fustigas abelhas?
Por que esbofeteias serpentes?
Por que procuras, amor?