INSÔNIA
INSÔNIA
BETO MACHADO
Nas minhas noites não dormidas,
Alimentadas de insônia
E de luz da lâmpada sombria
Que embebeda meu silêncio
Como a flor tão bela quão cheirosa,
Que meu olfato, de sentir, se inibiria.
Lanço meu olhar, obcecado, para a lua
E vejo nela, além da boa montaria,
O velho Jorge, defensor de um jovem Rei.
Mas o que eu mais queria
Era ter a minha amada, noite e dia,
Sem ter mesmo chance de sair pra rua.
Mas me conformo com o que Deus me oferta.
Ainda que meu sono fuja,
E minha cama, atrás de mim, fique vazia,
Do meu coração, a porta, deixo aberta,
Embora o vento traga, à mente, coisas sujas.
E assim a noite vai rolando
Pra mergulhar no colo da manhã mimosa.
Enquanto as horas eu velei sonhando
De olhos abertos. E o meu bem sorrindo
Porque as minhas mãos lhe ofertavam rosas.