Clichê
Um dia você repousou seu corpo
Sobre os lençóis daquela cama
E dormiu tão lindamente
Velado por olhares de quem te ama
Um sono profundo, suave e sereno
Que te deixava numa condição que tanto evita
Vulnerável, desprotegido eu diria até frágil
Mas a cena daria a estrofe mais bonita
Porque toda essa história me parece poesia
Que eu leio e releio com forte paixão
Mesmo sabendo que os poemas são devaneios
Que o poeta escreve pra não trair seu coração
E depois de ver a cena e apreciar seu sono
Assumi um risco de tragédia iminente
Pouco tem adiantado escrever essas linhas
O meu coração foi mais rápido e valente
Traiu sua dona sem qualquer piedade
A deixou a mercê do próprio sentimento
Nunca mais deitou à cama como antes
Sem que lembrasse daquele certo momento
E deitada sobre o seu travesseiro
Elevado pela almofada do sofá
Fecha os olhos e sente seu cheiro
Te sinto presente, clichê do raro amar