Deus nos Acuda
 
 
 
Antes que o mundo acabe,
Tenho certeza que a vida
Trará contigo o corpo e a chave,
Que sara a dor e cura a ferida;
Que tanto me doem n´alma...
E que, mesmo ferido, me acalma
 
Inda que o porte faça de ti a dama,
Rainha, como se nunca fosses escrava...
Alva a pose, negra a pele, inerte a fama!
Se quiseres mandar, pega teu ódio e me crava
O que guardas nas ancas; o negro veneno!
A sagrada vingança; o teu ódio pequeno
 
Alta, no modelo mais ereto...
Completa, como se fosse a primavera
Tanta sincronia entre o ser e o feto
Sem saber, desconhece, em si, a fera;
E, por inteira, é minha matrona,
Uma dama formosa; a bela Amazona...
 
E assim dito, o Édito eu agora edito!
Traço as mal traçadas linhas, em premissas;
Em conclusão, eu afirmo tudo, sem conflito,
Que a madona primaveril, do desfile às missas,
Preferiu à contrição, a desfilar desnuda
Numa procissão de Deus nos acuda!
 
 
Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 06/11/2020
Reeditado em 12/12/2020
Código do texto: T7105550
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