MULHER RAINHA
Não procuro uma mulher, procuro por uma rainha!
Que tenha uma coroa permanentemente presa à cabeça por adornos de esmeraldas e que tenha um manto adejado por minúsculas turmalinas e rosas costuradas à mão.
Que quando andar, não ande, mas desfile silenciosamente numa passarela que dá no meu coração.
Que tenha seios fartos, posto que sou adepto à gula. Que tenha lábios carnudos e macios posto que gosto de perder-me nos labirintos, quando incendiado de amor.
Que tenha a chama nos olhos, mas que somente eu perceba, porque queimam-me por dentro. O corpo seja delgado que se cinge em meus braços, delicadamente contorcido, quando lhe abraçar.
Que tenha desejos secretos e quentes que se revelarão quando estivermos a sós, mas que jamais os diga, que sim eu os descubra.
Minha rainha tem lá seu reino, onde não existem ilusões, mas, mesmo assim, ela vive a sonhar ancorada no tempo que não passa, como um barco parado na enseada de um lago que não se move, que não tem para onde ir.