Talvez um dia, meu filho pergunte o que é amor
Se um dia fosse perguntado,
“Papai, o que é ser amado?”,
O pegaria em meus braços,
Lhe darei os pontos, faça os traços.
Amar, é sentir frio no calor,
Poderia sentir calor na maior das tempestades,
É manter uma chama entre a carne em seu ser,
Dando tudo de você para ela não desaparecer.
É o medo, o desejo, a melancolia,
O ódio, a ameaça, o sabor, a alegria,
Tudo aquilo que você segura e poderia quebrar,
Mas você se partiria antes mesmo que o amor,
Possa no chão chegar.
São noites mal dormidas,
Sussurros e calafrios,
Dias coloridos,
Noites entorpecidas.
Poderia ser, seu desespero sendo sufocado,
Meu filho, esse sentimento é poderoso,
Mas a responsabilidade também é imensa,
Ela não é reta, não tem peso, mas é densa.
Como andar num lago querendo congelar,
Poderia ser beber água na areia do mar,
É uma montanha que lhe traz conforto,
Um esboço, que te traz contorno.
Amar, é sofrer,
Sofrer quando se gosta de machucados,
Dores também são forma de sermos amados,
Mas é uma dor boa,
Que queiramos ser mal tratados.
Amar, é dormir sem querer acordar,
É um sonho, uma lembrança,
Pode ser um jantar, uma dança,
Um tchan que nunca quererá terminar.
Amar, é engolir o fôlego de quem ama,
É aquele que cruza dedinhos na cama,
São os pés que mexem involuntariamente,
É dormir sorridente.
É olhar no pico de uma montanha gélida,
Andar sob a linha férrea,
Querer tocar o sol com os lábios,
É fazer crenças, tornarem-se alfarrábios.
Amar, é não dormir, vendo o outro adormecer,
É imaginar-se no peito dela até o amanhecer,
Acreditar que suas costas são sua seguridade,
Crer que seu amor é uma singularidade.
Amar é socar as calotas polares,
É secar os ondas dos mares,
Roubar o ar dos pulmões,
É o silêncio, dentre o bater dos corações.
Amar, é tocar a pele e arrepiar,
É tocar o cabelo e cochilar,
São tantas as formas,
Tantos os números que não dá para contar.
Por fim, não menos importante,
Amar, não tem ritmo constante.
Quando o coração afoga,
E não cabe apenas dois falantes.
É a sede do conhecimento dela,
Esmagando sua alma singela,
Juntar cacos com mãos cortadas,
São lágrimas, são momentos de solidão.
São prisões holandesas,
Que existem, mas são inabitadas,
Pois seu objetivo, não poderiam alcançá-las,
A utopia mais perto de se tornar realidade.
Amar, é não caber,
É precisar demonstrar como poderia ser,
O que acontece quando ficamos sem ar,
Precisamos do próximo para respirar.
Amor, é necessidade,
Egoísmo por nossa parte,
Pois, queria tanto ela para mim,
Que ganhamos você como nossa melhor versão,
Tens nossa alma,
Nosso amor,
Nosso coração.