Completamente nua ...
Completamente nua
dou-te
a minha alma de tulipa negra
aberta
na mais profunda entrega.
Confio-me
ao sal das tuas mãos de mar
em dádiva maior de um corpo ainda por desvendar.
Por desvirginar o pudor singelo do acontecer
vestal, ninfa ou simplesmente mulher.
Deslaço o nó do lenço que me degola
que estrangula o grito azul
do sangue oferto
a pulsar espasmódico na tua pele.
Desacato
as ordens de intempéries de vento
e, meu amado,
no rio rosado do riso que te ofereço
absoluto,
reencontro a plenitude e a certeza de que em nós
jamais haverá
fim
meio
ou começo.
Somos agora, o silêncio do Universo,
o ciclo ininterrupto, origem da vida
a escorrer-se leitoso em alcatruzes
de luz, num eterno recomeço.