Completamente nua ...

Completamente nua

dou-te

a minha alma de tulipa negra

aberta

na mais profunda entrega.

Confio-me

ao sal das tuas mãos de mar

em dádiva maior de um corpo ainda por desvendar.

Por desvirginar o pudor singelo do acontecer

vestal, ninfa ou simplesmente mulher.

Deslaço o nó do lenço que me degola

que estrangula o grito azul

do sangue oferto

a pulsar espasmódico na tua pele.

Desacato

as ordens de intempéries de vento

e, meu amado,

no rio rosado do riso que te ofereço

absoluto,

reencontro a plenitude e a certeza de que em nós

jamais haverá

fim

meio

ou começo.

Somos agora, o silêncio do Universo,

o ciclo ininterrupto, origem da vida

a escorrer-se leitoso em alcatruzes

de luz, num eterno recomeço.

Mel de Carvalho
Enviado por Mel de Carvalho em 26/10/2007
Código do texto: T710391
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