A gralha

Diante da iluminosidade meu dos sonhos
Sou o crepúsculo na solidão dos aflitos
A face negra da desesperança alheia
A gralha triste sobre a árvore pendente
Cujas garras procuram insistentes o cisco no vento.

Vivo na eterna caminhada rumo ao invisível
Que logo se vai diante das paredes sólidas
Cujos olhos repousam na face do amor
Na forma misteriosa do pensar vagabundo.

Meu acaso encontra no fadário do meu ego
Busco um mar calmo e sem tormenta
Cuja alma reclama a facilidade da morte
Fazendo-me prece entre a oraração e o refletir.

Encontra-se em minha alma a mulher total
Que na colorida estrada perambula
Aquela cujo olhar me conduz ao destino
Em cujo abraço se tem apenas vida.

Amor é luz invisível nos meus  sonhos coloridos
Dista-se do mar composto de tristeza
Diz que nada vale a palavra diante da imagem
E não repousa acuidade no avesso da vida.

Sentimento é ilusão dos que amam apaixonadamente
Infindo meu ser que no aspecto do sem fim
Desejo ficar antes de querer para sempre partir
Amante de todos os instantes, instantes ventos.

Tudo falo, tudo ouço, trago soluço e lamento
Na voz que elimina tédio da dramatização
Leio os símbolos, figuras da santa modernidade
Cuja efemeridade do poder ninguém duvida.

Não nasci santo, não me transforme em Deus
Improcede minha voz no infinito...
Qual gralha no morro em busca do alimento
No vento que sopra nesse rosto só há amor e contentamento.
R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 29/10/2020
Reeditado em 29/03/2021
Código do texto: T7098826
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