MARÉS

A Lua rege o movimento das marés,
Bem como, da seiva dentro das plantas.
Influência, também, o teu movimento,
É pelo calendário que sei como andas.
Mulher das marés com a cabeça na Lua.
Se ela é minguante, tristeza e carência,
Me procuras para tirar-te da solidão.
Se crescente, euforia e independência,
Tenho que marcar hora em tua agenda.
Carinhosa e sexual, como estás na Lua Cheia,
É quando me fazes feliz e penso que te amo.
Na Lua Nova, esta covarde, estás reflexiva e reticente,
Me sinto perdido e sou por ti esnobado e excluído.
Quem pode enfrentar e vencer o poder dos astros?
Como navegar nas inconstâncias constante de teu oceano?
Não há resposta pronta, mapa maritímico ou astral.
Barco sem bússola, nuvens apagando as estrelas.
Não parecia haver solução para o iminente naufrago,
abandonado à deriva em meio a tua tempestade.
Vento que sopra do sul sem levar-me ao norte,
Fez-me aportar em uma ilha deserta e distante.
Senhor da nova terra, torno-me rei e decreto:
Divida-se o mundo, cada qual em sua parte.
Cada um com sua lida, sua busca e sua arte.
Não sou peixe miúdo, nem vou ser fisgado de morte.

Desespero, angustia, ...não!... Apenas sorte!


                                                                                                   setembro 2007