Poema caprichoso
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A minha Escrita é maior
que eu
Porque me afaga e engrandece
com a chama sagrada
que aquece as preces
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A minha Escrita não é coisa
comprada
Foi-me doada pelo ADN desconhecido
dos meus antigos antepassados
fossem eles quem fossem
ricos ou pobres
nobres senhores
ou zés-ninguém
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A minha escrita, um dom
que tenho pago sílaba-a-sílaba
caro e tramado
Que me reveste de Solidão
Isolamento
e Ingratidão
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Um poema sai – quando quer
Seja qual for a hora do dia
ou da noite
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É como um bebé:
Quando começa a sair
já não pode voltar para trás!
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Um poema é uma carta caprichosa
Ou sai trunfo
ou sai castanha bichosa...
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Um poema é um enigma
Ninguém sabe nem como
nem por que nasceu
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É um raio de luz
inesperada,
um toque de vida
no meio da noite ...
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© Myriam Jubilot de Carvalho
29 de setembro de 2020